quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
Amália e Camélia, rendo-me à ternura largada nos sorrisos
sábado, 20 de janeiro de 2018
Aqui há Melros! E cantam tão bem!
Chegar à "cidade" meia-hora antes das oito é encontrar-me com pássaros que cantam bons dias uns aos outros, de árvore para árvore e que, vaidosos, desafiam quem passa ou também quem fica... assim, ali parado, como eu e ele a ouvi-los. Esta manhã quando cheguei confirmei que dos pombos nem uma palavra, que por ali não eram só pardais e que eram mesmo os melros que ouvia a cantarolar auroras (particularmente entusiasmadas) mesmo em cima das nossas cabeças. Nós, ali parados a ouvi-los. Eles, muito bem dispostos, a "passar o turno" uns aos outros através de sons que não conseguimos decifrar e penso isto na presença de um Nobel! Se pudesse ficar ali um dia inteiro havia de lhes seguir as cantorias. Se têm de se esforçar muito para se fazer ouvir em particular naqueles momentos em que os carros, os humanos e outros objectos se fazem ouvir, num exercício de poder sobre o canto deles. Ficaria deliciada e andaria atrás deles pelos jardins, aposto que se protegem do fumo nas traseiras do edifício, onde o verde sempre tem mais sol. Não posso ficar, dedico-lhes uns minutos e tenho de entrar. Combino que quando sair, a meio da tarde vou à procura deles para me despedir. Durante a semana é quase impossível. Saio dos corredores com a música a encher-me as orelhas, tanto é o frio. Mas hoje... hoje sentei-me ali à espera deles. Virei os olhos para cima e encontrei pardais, mais longe, mais ao fundo estavam os silenciosos pombos a sobrevoar as torres e eu ali, parada, a olhar para ele até que começaram a cantar para os vermos bem. Levantei-me, trazia as mãos carregadas de instantes fortes e fui atrás da cantoria. No cimo do ramo mais alto da árvore mais alta estavam três. Olhei para eles, cumprimentei-os e exclamei:
- bem sabia que aqui há melros! Senhores, cantam tão bem!
Naturalmente que ficaram curiosos comigo ali, especada à procura deles e eles lá do alto, calados (por momentos) e sempre a olhar para mim. Pelo cantar da tarde tenho ideia que estavam atentos às confidências, aos desabafos. Dizia-lhes que continuo a ser assim comovida de cada vez que alguém escolhe partir comigo ali. Disse-lhes que depois de lhes dar os bons dias, entrei no elevador e subi. Encontrei Madalena sem vontade nenhuma de comer, a papa não parecia boa e fui eu a correr ao frigorifico buscar uns potes (pequeninos) de fruta que a filha tinha deixado para ela! Fiquei contente por me ter lembrado. Tão contente! Madalena ainda comeu três colheres e disse:
- não, não quero mais. Voltou o olhar para o lado.
Umas horas depois andava eu entretida a inventar maneiras partilhar uns mimos quando olhei para ela e sorrimos as duas. Tinham passado as dores, não estavam lá. Foi o último sorriso que trocamos, momentos depois voltei para ver como estava e fechou-se ali o olhar, desta vez não queria dormir.
No calor da minha mão imaginei que estaria por ali a sorrir, livre do incómodo colchão. Vi-a fechar a cortina, despedir-se das cores lindas que teve no cabelo. Quase sinto que se dirigia a ver um rio.
- Talvez tenha seguido o vosso cantar... comentei com os melros.
- Não! responderam.
Não cantaram mais nada antes de me despedir de todos e seguir. Após aquele silêncio recomecei a ouvi-los. Afundei-me (não nas palavras ou na música como faço habitualmente) mas nos "Atos Humanos" descritos a partir da Correia.
Grande é a batalha, o amor e os melros! Grande é o barulho invisível cá dentro.
sábado, 13 de janeiro de 2018
Vida, 1923
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
Quando o dia de trabalho não me sai do caminho
quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
A mochila e umas coisas
terça-feira, 9 de janeiro de 2018
I love her like a silly moon
Lisboa, Londres ou Nápoles... a silly moon é a mesma. E enche ruas por todo o lado!
"I Love her like a silly moon" O eco nasceu em Pietro, 90 anos que conheci na enfermaria onde está o grande amor da sua vida Louise, 83 anos.
Que privilégio ter-me cruzado com os dois. Ele é um senhor italiano que me cumprimenta e se despede, sempre, com um gesto largo de agradecimento e um beijo na mão. Ela, uma senhora inglesa que ficou sózinha em Lisboa quando foi retirada do cruzeiro onde seguiam e foi parar ao Hospital de Santa Maria. Tudo porque o coração dela disparou, foi parar aos meus dias.
Conheci Louise deitada numa maca, no corredor da enfermaria momentos depois a trazerem das urgências. Dela sabia apenas que é uma senhora inglesa que sofreu um ataque cardíaco enquanto viajava com o marido, Pietro, num dos muitos cruzeiros que passam em frente a Lisboa. Por entre a máscara de oxigénio, os fios e a desorientação sorriu para mim e eu sorri para ela. Mais tarde percebemos que estavam a sair de Lisboa quando o coração dela disparou e o helicóptero do INEM a foi buscar ao navio. Pietro, o marido teve de continuar a bordo, rumo a Londres (devido à idade não podia acompanha-la).
Quando soube estes detalhes fiquei comovida e (ainda mais) atenta. Não imagino o que sentiria se de repente estivesse a meio de uma viagem de cruzeiro, num país e numa cidade que não conheço e o meu coração disparasse de tal forma que um helicóptero me viesse buscar a bordo para me levar para as urgências. Foi exactamente assim que aconteceu com Louise, 83 anos, casada com Pietro, 90 anos (são o grande amor da vida um do outro e nunca antes tinham estado separados). Conheceram-se há 40 anos (estavam ambos divorciados) e a partir dali foi amor para a vida toda! Soube destes detalhes, hoje, pela filha dele que chegou com ele ontem.
No segundo dia de internamento vi que Louise continuava desorientada, naturalmente, mas também muito agitada a tentar tirar os vários fios que a prendiam à cadeira e à "unidade". Na pressa das horas reparei que focava toda a atenção num senhor que estava sentado no fundo do corredor. Tentava soltar-se e quando voltei a colocar-lhe o oxigénio, correctamente, (cuidado que todos lhe prestávamos à passagem)
- "Está muito agitada, não pára de tentar tirar os fios" informou a enfermeira responsável por Louise que acrescentou: "se continuar temos de lhe fixar os braços à cadeira ou arranca os acessos".
Voltei a observar a senhora e perguntei-me o que estaria a chamar tanto a atenção dela... Aproximei-me, recoloquei o oxigénio, passei a mão pelo cabelo dela e a sorrir perguntei:
- Precisa alguma coisa que está a ver ali ao fundo?
Olhou-me, num movimento de espanto como que (finalmente) alguém estivesse a fazer a pergunta que ela queria ouvir.
- É o Pietro! Está sentado ali ao fundo, é o meu marido! tenho de ir ter com ele, disse e acrescentou: Deve estar muito preocupado. É italiano, sabe. Muito emotivo! Está ali, estou a vê-lo!
Percebi a causa daquela agitação (mais tarde ainda entendi melhor porque a senhora não tinha sequer os óculos que usa) e respondi:
- Não minha querida, não é o seu marido que está ali sentado. É um senhor, sim, mas também está internado neste serviço. É português e chama-se António.
Perante a surpresa e a confiança que sentiu no que lhe estava a dizer desatou a rir-se comigo.
- Não é o Pietro que está ali sentado?!
- Não, não é o seu marido, disse eu. O seu marido teve de seguir viagem no navio até Londres porque não podia acompanha-la quando a trouxeram para este hospital. Mas segundo sei ele está bem, a sua família telefona todos os dias e dentro em breve ele e a sua filha chegam a Lisboa para vir ter consigo.
Todo o comportamento dela mudou quando percebeu que estava a confundir a pessoa que via no fundo do corredor. Não voltou a tentar arrancar os tubos, dividia o tempo entre o sono, os exames e o desfile de pessoas à frente dela, a falar uma língua que não entende. Volta e meia os médicos faziam-lhe perguntas, ela respondia. Passou a colaborar inteiramente e sempre com um sorriso no rosto.
- E o Pietro? Já sabe alguma coisa dele? perguntava-me às vezes. É italiano sabe!
- Só sei que está bem, que a sua filha tem telefonado para cá, fala com os médicos e estão a preparar-se para vir ter consigo.
A preocupação desta senhora era com o marido. Ainda que lhe disséssemos que o coração dela precisava de repouso...
entendo que fosse impossível e hoje confirmei a razão.
Ainda o dia estava a começar quando ouvi vozes em inglês a correr pelos corredores em direcção a nós, u a do senhor, com um forte sotaque italiano. Estava no quarto dela e imediatamente dispensamos palavras.
- É ele! disse Louise. É o Pietro! Chegou ontem à noite! Veio com a filha.
- Que bom! que bommmm! disse eu.
A partir desta manhã, a minha querida Louise está finalmente calma. Tem o amor de uma vida sentado junto à cama, às vezes quase a dormir (porque passou a noite em claro quando lhe disseram que não podia ficar no hospital com a mulher). A verdade é que é um senhor de 90 anos, acompanhado da filha que agora cuida dos dois.
- I love her like a silly moon you know? disse-me ele com os olhos rasos de água.
- I know... i know...
Quando os médicos terminaram os exames puderam, finalmente, sentar-se de mão dada e de olhos postos um no outro. Puxei um pouco a cortina para terem alguma privacidade. Ela só sorri... ele chora, às vezes, entre a negação de tudo o que aconteceu e a estranheza de nunca terem estado afastados um do outro.
Convidei a filha para um café. Tentei que desconstruisse um pouco o tempo, que "dividisse" tarefas, decisões. Tentei que se acalma-se um pouco, afinal, duas pessoas como aqueles dois só podem ser profundamente intensos também no cuidar.
Está preocupada, ansiosa com as decisões que ela e os irmãos terão de tomar em relação à recuperação da mãe.
Levei-a à varanda, afastamo-nos do barulho dos corredores, sorrimos deste rainy day!
Voltamos ao quarto onde os dois continuavam estupefactos com o que aconteceu. Todos mais calmos. Começam a contar-me a história de amor que vivem há quarenta anos quando se conheceram. Eram ambos divorciados, encontraram-se e nunca mais se largaram (também eu e a filha passámos pelo divórcio, todos ali passámos!. Rimos juntos, no volume italiano do humor inglês que nos espanta os medos.
Gosto tanto quando as histórias que passam por mim acabam bem. Quando o Amor se escancara à minha frente, ainda que deitado numa cama de hospital. Que comovente é olhar para Louise e Pietro como se os conhecesse bem (afinal nas minhas conversas com ela fiquei a saber muitos detalhes dos dois).
O meu inglês acolheu-a, aprofundamos sorrisos, fui ouvinte e confidente. A filha comentou à pouco comigo.
- A minha mãe diz que a Isabel foi um porto de abrigo neste hospital. Agradeci e sai comovida. Que ternura a imagem que guardam mim.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Senhora 5 Assobios
Uma senhora 5 assobios
A minha ligação com esta senhora começou logo que a vi na cama do hospital. Cabelos brancos, corpo marcado pela dor, pelas tentativas para a manter um bocadinho "mais rosada", como estava hoje. E dali, da primeira troca de olhares, nasceu ternura que se multiplica todos os dias. Não sei há quantos dias está ali aos nossos cuidados, sei que não perco uma oportunidade de passar por ela para lhe soprar beijinhos. E espero porque ao 4º ou 5º beijo meu ela levanta o braço devagar, sei que com esforço, leva a mão à boca e retribui sempre a rir... alto. É impossível ficar indiferente a tanta doçura e bondade que o olhar dela traz. Sorri e ri quando lhe passo a mão nos cabelos, na cara, quando me dá ela a mão, como que a consolar-me a mim porque a encontro ali, assim.
Na cama da frente estava a Senhora "Bô é minina"(soará para mim assim) outra mulher extraordinária que tive o gosto de conhecer, vizinhas uma da outra mas dela escreverei num outro momento. Aqui o encontro é com a "Senhora 5 Assobios".
Ouvi esta expressão da boca de um dos filhos, um pouco envergonhado, para mim soou-me a delícia e não lhe coloquei nada menos que a ideia de ter sido uma senhora muito, muito bonita.
Quando vi chegar esta senhora de 93 anos imediatamente me liguei a ela. Cativou-me, nada a fazer. Num primeiro sorriso perguntei-lhe (na tentativa de perceber mais acerca da orientação que trazia) como se chamava, que idade tinha... se tinha filhos... Com dificuldade a falar mas nunca a rir tudo muito acertadamente. Quando escrevo "a rir" é mesmo a rir com a boca, os olhos e o coração.
- Tenho dois filhos, disse-me. Um chama-se Manuel e a minha nora é Laura. Não consegui perceber o resto, tentou dizer mais nomes mas estava a cansar-se e o motivo deste internamento está também ligado a uma infecção respiratória por isso disse que não se cansasse, que falávamos mais tarde e acrescentei: tenho um Manuel e uma Laura e são meus filhos. Ali rimos juntas pela primeira vez. Se pudesse descrever um bocadinho do que gosto de coincidências! Esta é mais uma.
Mais tarde, naquele mesmo dia, recebeu a visita do filho e da nora que me disseram os nomes da família. Falámos do irmão Manuel, dos netos. Umas horas depois conheci o filho Manuel. É um senhor com o cabelo da mesma cor de cabelo da mãe.
Uma das vezes que entrei no quarto estava ele a dizer nos olhos da mãe:
- Quem é o amor lindo do seu filho, quem é?
Nem me atrevi a entrar! Tamanho alto era aquele momento de amor entre filho e mãe.
Inventei tarefas no serviço para dar tempo aos dois para mais mimos. Guardarei sempre aquela eternidade, tanto quando ela tiver alta como quando chegar o momento que parece esperar muita serenidade.
Hoje perguntou-me:
- Quem está a bater à porta? Estão ali a bater à porta.
- Sim, respondi-lhe. Estão a bater à porta e vou já ver quem é.
Voltámos a rir como acontece quando me aproximo dela. Nunca se queixa. Nunca reclama. Apenas ri comigo.
Esta manhã fechou-se e não estive na equipa que cuidou hoje dela. Mas vigio constantemente o estado dela e mais uma vez esperei pelo filho para lhe contar das vezes que esta trocamos beijinhos, de como está consciente e tranquila apesar de tantas "maldades".
- A sua mãe esteve bem, dormiu de manhã, acordou a soprar-me vários beijinhos, e acrescentei: continua a responder-me com risos e percebe tudo o que lhe pergunto.
Foi na sequência da conversa que me disse:
- Sabe lá! A minha mãe foi uma Senhora 5 Assobios! (bem... bem... é minha mãe... mas olhe, sempre foi muito bonita). Sempre arranjada, salto alto, cabelo muito bem penteado. Foi a vida toda uma pessoa muito bondosa. Eu era um maroto e ela perdoava-me sempre. Tanto ela como a minha tia. Eram mesmo mesmo bonitas! Sabe, aprendi tudo com ela e com o meu pai que não era de se manifestar tanto mas era um homem com um rigor nos valores! Nem imagina!
- Que bom ter tido um pai e uma mãe assim, respondi. Imagino que esteja muito grato.
- Sim, profundamente grato. Sabe, tive de a trazer porque de repente começou a "cair... a cair..." mas agora já a vejo mais rosada. Ela é tão bonita! Tão bonita! disse o senhor.
- Sim. A sua mãe é muito linda e por mais que o corpo tenha 93 anos o olhar é da idade infinita do brilho que tem continuei, a idade dela não se define, não se consegue dizer, respondi eu emocionada antes de me despedir dos dois.
Ainda acrescentei: obrigada pela sua mãe, levo-a no coração! Sinto-me mesmo feliz e muito vaidosa por ter cuidado dela.
Realmente é isso que sinto!
Antes de sair do hospital fui correr todos os quartos (como faço diariamente para desejar as melhoras e dizer até amanhã, mesmo que esteja cheia de pressas). Hoje disse a todos "as melhoras e acrescentei, e um bom fim de semana.
Não sei quem vou encontrar quando voltar na segunda-feira. Acredito que vou encontrar rostos que gosto muito, um deles anda ao despique comigo com adivinhas e ditos populares. O avô foi poeta, há uma estátua dele em Viseu. A esta ainda voltarei outro dia. A Senhora "Bo é Minina" teve alta, mas ainda hei-de saber mais vezes dela que o mundo é pequeno. Quanto à Senhora 5 (mil) beijos soprados... Sei que a trago comigo para sempre porque se tanta ternura não nos sai da memória! Um riso sonante e generoso também não.
Cada dia que entrar naquela sala vou lembrar-me dos beijos que ali trocámos. Umas vezes com tempo... para lhe fazer festinhas, dar beijinhos na testa... outras quando me ponho a brincar às escondidas, com ela. Mesmo que tenha a cortina fechada e esteja eu nas pressas não perco (por nada) a oportunidade de a surpreender, de ver aqueles olhos arregalados de doçura e o riso que acompanha cada beijo que me sopra com a mão. Venho dela com o coração cheio. Senhora 5... não imagina a gratidão que sinto perante a sua ternura, os beijinhos ou quando me lembro de si e do seu filho a dizer nos olhos:
- Quem é o amor lindo do seu filho, quem é?
É a senhora, sim. A senhora com cabelos de ternura branca. Sim, é a senhora.
terça-feira, 2 de janeiro de 2018
Acorda hoje uma aventura que anda a fazer-se em mim há muito tempo. A palavra é grega
Há um novelo cujo fio é composto por letras. Fazem todos parte de uma colecção de palavras que comecei há cerca de 7 anos na Grécia. Há um novelo com (muitas) pontas soltas, conversas inacabadas, memórias reais, implantadas ou imaginadas. Este é o momento de (re)começar. Não ceder à ideia confortável de me desculpar com os milhares de autores maravilhosos! Há um novelo onde trago alguns deles desde que me conheço e é a partir desta necessidade de usar palavras que começo aqui a tricotar uma teia. Há um novelo que se expande como o universo. Há um fio que se faz em mim e me leva a viver diariamente momentos inesquecíveis porque sei dos males do mundo mas nunca me renderei. Tento sempre fazer do dia um lugar um pouco mais bonito. Sou viciada em coincidências, peço pois a Jano que me dê um empurrão valente para que durante o resto do ano a preguiça, a tristeza ou a virtualidade não me impeçam de escrever. É isto que me salva!
Há um novelo que começo a olhar, devagar, para ver por onde lhe pegue. ParaKalo parece-me uma boa forma de fazer a primeira laçada. ParaKalo é a primeira palavra da minha colecção de palavras e quer é a resposta "por nada, não custou nada" à palavra Obrigado. Registei-a a primeira vez na Grécia, voltei a ouvi-la no último verão na voz de uma senhora, com 80 anos, que andava a fazer compras num street market onde fui parar. Esta senhora, acompanhada por três de 4 filhos escreveu a palavras Parakalo numa página da minha moleskine quando lhe expliquei o que colecciono. ParaKalo pode ser também o novelo onde me encontro em Frida Kalo, tanto minha que arrepia! É como se lhe contasse histórias, num novelo de transformações.
Obrigada a quem resistiu à provocação nos longos textos que coloquei num mural (onde não fazia sentido nenhum haver mais que 2 ou 3 palavras, uma partilha, uma imagem. Nunca consigo conter as palavras e escrever pouco. Dei~lhes tudo! Fosse no ínvisível ou abundância. Não tenho pretensões a escrever bem, não uso este tempo para aperfeiçoar esta arte porque a minha é contar e partilhar histórias, escolhas, vivências e tantos momentos! Viver é tão breve que olhar para este novelo faz-me pôr as mãos ao caminho. Acontecem milagres comigo todos os dias! Não aproveitar o espanto, o estrondo de cada respirar é que me parece, infinitamente, difícil. Tricotar teias, vamos a isto!
(1 de Janeiro de 2 mil e 18)
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